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HAMBRE:
FOCO AMÉRICA LATINA EXPERIMENTAL
Em tempos contemporâneos em que, como Cao Guimarães nos lembra, já somos imagem no útero materno, se faz imperativo procurar novos modos de nascermos na imagem, novos modos de fazer visível, não só o mundo, mas sobretudo os ritmos que o fazem vibrar. Fome por achar forças vitais, fome por experimentar e se atrever a transitar na fronteira. Atletismo e esforço dos sentidos por pular a outra beira onde um novo campo perceptivo nos espera.
Férteis e precários, acreditamos em filmes que sempre estão abertos e à procura, que se dizem processuais sem se fechar numa forma única. Filmes, em que a alteridade e materialidade da imagem se afirmam. Filmes que em sua radicalidade levam o olhar e a escuta a uma marginalização desejada e desejante, que com cada afeto sônico e cinemático que é experienciado, e se diz experimental, faz com que a expressão na imagem atinja não só uma dimensão intensiva, mas também ética.
Esta é a América Latina que nos interessa, que nos chama, e pela qual sentimos fome, pois, se sentindo bem-vinda na fronteira, sempre procura sua liberdade na expressão. Liberdade que é matéria borbulhante em Multizona, que é puro ritmo desencadeado em Soldadera, ou vitalidade, estranheza e atmosfera rarefeita em El Fin, Casa Circular e Od-El Camino. Liberdade que é imagem que relaciona e pensa como em Mauro em Caiena, ou é puro fluxo perceptivo como em Zugang.
Imagens livres e andarengas que concentram só uma pequena fração do que esta América Latina experimental nos pode dar.
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